terça-feira, 25 de novembro de 2008

Lugh, o Salmidanach!

“Era uma vez”
No tempo antes do tempo, em um lugar onde a força era a lei...
Duas casas, duas raças, duas visões...

De um lado os “Formorianos”, Bravos, implacáveis, endurecidos pela guerra, ávidos conquistadores...
Do outro, os Thautha de Danann, guerreiros valorosos, dedicados aos estudos dos mistérios do mundo, dispostos a entregar a própria vida em batalha para defender seu lar...
É do resultado desse confronto, desta eterna guerra que nossa historia vai falar...

Uma criança, nascida da tentativa de aliança entre os dois povos, surgiu da união de Cian com Ethniu, neto pelo lado paterno do honorável mestre nas artes da cura entre os Tuatha Dé Danann que era Diancechet e pela parte materna do não menos lendário entre os Fomorianos do gigante Balor.

Criado por uma simples serva Dananiana, de nome Tailtui, a criança cresceu, conhecendo o amor dessa mulher, a quem o destino o havia entregue. Fato que seria decisivo na formação do nosso ilustre personagem. Tailtui foi a única figura materna que ele conheceu.

Sendo um mestiço, recebia de ambos os povos, a desconfiança, mas o amor de sua mãe adotiva, fez com que esse jovem, tivesse maior afinidade com os Tautha de Danann.
Com o sangue de dois povos correndo em suas veias, nosso Herói cresce sedento por aventuras, o que logo o coloca na estrada, acredito que em busca de suas raízes.

Lugh era seu nome, alto e forte como um formoriano, inteligente e sagaz como um Dananiano. Guerreiro habilidoso, Sábio como a mais antiga das árvores, estudou desde pequeno. Conheceu as ciências, as artes da guerra, os ofícios e em tudo que sua perspicaz mente se focava, Lugh tornava-se Profundo conhecedor...

È nesse ponto amigos, que uma das mais incríveis historias do mundo antigo tem início.

No Reino de Lochlann (terra-natal fomoriana), um novo plano de ataque e conquista da terra Dananiana é engendrado, Mas quis o Universo, que entre eles se encontrasse nosso herói. Tão logo tomou conhecimento de tal plano, tratou de viajar de volta ao lugar onde havia sido criado. Tara (capital Dananiana) era seu destino.

Ocultando com esmero sua identidade, pois como já havia dito, Lugh não gozava da confiança de nenhum dos dois povos, ele chega aos portões da cidade. É recebido por um guerreiro que guardava a entrada.

Ao ver o viajante, o guarda nega-lhe a entrada em Tara. Vencer e eliminar esse simples “porteiro” teria sido fácil, rápido e simples, mas não era essa a intenção de nosso valoroso guerreiro, que ali estava para conquistara confiança do povo de sua mãe.

Hábil combatente, não somente no uso dos punhais e da espada, como também no uso das palavras, Lugh consegue convencer o “porteiro” a deixa-lo entrar, porém, havia uma condição. Só poderia entrar e estar entre os habitantes de Tara, se pudesse de alguma forma contribuir para o bem da comunidade, precisava ter uma profissão.

Porém, para cada oficio que Lugh se dizia mestre, o “porteiro” mencionava um outro habitante que já exercia o mesmo oficio. Finalmente, indagou nosso sábio guerreiro se havia alguém entre os Tuatha Dé Danann quem fosse conhecedor de todas as artes e ofícios tal como ele bem como também reforçou o argumento se o rei não ficaria furioso com o "porteiro" se soubesse ter sido ele o responsável por ter deixado ir embora alguém tão valioso.

Era óbvio que o forasteiro tinha no mínimo, muita imaginação e diante de tamanha demonstração de eloqüência, o “porteiro” se viu obrigado a comunicar ao rei a presença de tão estranha e engraçada figura. Deixou Lugh esperando nos portões da cidade e dirigiu-se a seu destino.

Alguns minutos mais tarde, retorna ao local onde se encontrava nosso Herói, avisando que o Rei o receberia, porém, que seria melhor repensar seus argumentos, pois se estivesse mentindo, seria executado.

Foi com uma confiança desconcertante que Lugh entrou na cidade e rumou para a tão esperada audiência.

Recebido pelo Rei, que tinha ao seu lado o “porteiro”. Admitindo o rei que aquele estranho era realmente muito hábil com as palavras, ofereceu-lhe o perdão pelas “mentiras contadas”, com um tom irônico, afirmou que se o forasteiro adimitisse suas mentiras, teria seu lugar garantido entre eles, pois não possuíam um “Mestre Mentiroso”.

Aquela afirmação fez brilhar ainda mais o semblante sarcástico do confiante Guerreiro, que imadiatamente pediu ao rei que troxesse seus mestres e o submetesse a provas para atestar o que dizia.

Irritado com tamanha arrogância, afirmou que não haveria misericórdia. Fez vir então seus maiores mestres em todos os ofícios...

Um a um, eles demonstravam seus talentos.. e um a um ficavam maravilhados com as habilidades do estranho que demonstrava profundo conhecimento e notória habilidade nos diversos ofícios que lhe eram apresentados.

Por fim, Pediu o forasteiro que fossem trazidos também os sábios e poetas, que da mesma forma foram superados com extrema facilidade pelo confiante e habilidoso estrangeiro.

Maravilhado com tamanha demonstração de habilidades e sabedoria, o o bom rei Nuada pegou a espada de Lugh e disse que a guardaria como lembrança de que os Tuatha Dé Danann devem também confiar nos estranhos que chegam as portas do reino para desfrutar do seu convívio, proclamando que dali em diante aquele estranho deveria ter o direito de viver entre os dananianos e chamou-o de “Salmidanach” (Mestre dos mil talentos).

Retribuindo a lisonja, aquele "forasteiro" passou a declinar sua origem desde o mais remoto ancestral até que para espanto de todos citou que ele era o filho nascido da união de Cian com Ethniu, neto pelo lado paterno do honorável mestre nas artes da cura entre os Tuatha Dé Danann que era Diancechet e pela parte materna do não menos lendário entre os Fomorianos do gigante Balor. O silêncio pétrido tomou conta do local, e entre os observadores sem fôlego que ouviam, fez soar sua voz como um trovão:

Eu sou Lugh!
Antes que todos os presentes pudessem acostumar-se com a bombástica novidade, Lugh relata em detalhes os planos sórdidos dos Fomorianos de invadir o reino dos Tuatha Dé Danann e reduzir a todos dananianos a condição de seus escravos. Esta alerta de Lugh foi providencial para os Tuatha Dé Danann saíssem vitoriosos na guerra que se avizinhava.

A frente dos exércitos Dananianos, Lugh mostrou-se um hábil guerreiro e um perfeito estrategista, derrotando os formorianos e restabelecendo a paz.

A seu tempo, tornou-se Rei dos Thauta de Dannann. Sua sabedoria e senso de justiça, são lembrados até hoje.

Bardos contam sua historia e seus feitos. Sábios inspiram-se nele e o povo o aclamou “um DEUS”

Quero apenas deixar uma coisa muito clara...

O druidismo é uma religião MONOTEISTA, mas é um culto ancestral, o conceito de divindade, aplica-se a humanos que por por sua sabedoria e evolução, atingiram a proximidade com o criador. Rendemos homenagens a seus feitos e nos inspiramos em seu exemplo, para atingirmos nós mesmos a condição de Deuses.

Um comentário:

Gabriel Antunes disse...

Interessante a história de Lugh. Mas e aí, os 2 povos atingiram a paz?